Soninha defende "movimento legítimo", mas prega "tolerância zero" para ocupações de risco

  • Por Jovem Pan
  • 07/05/2018 14h27
Johnny Drum/Jovem Pan Vereadora comentou recentes acontecimentos em São Paulo

Embora tenha sido afastada da Secretaria de Assistência Social de São Paulo, Soninha Francine (PPS), atualmente em seu segundo mandato como vereadora, continua atuando em questões relacionadas à área. Está envolvida, por exemplo, nas discussões sobre habitação levantadas após o desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu. Em entrevista ao Pânico nesta segunda (7), ela lamentou a tragédia e criticou a postura das autoridades.

“Demorou para se fazer alguma coisa. Não digo que devia ter acontecido na gestão do Fernando Haddad (PT) ou na de outro. Não estou fazendo uma divisão por gestão. Mas não podia ter demorado tanto tempo para conversar seriamente com aquelas familias (…). Precisa haver uma linha de ação, entre aspas, com tolerância zero. Uma postura de Estado e governo que diga ‘não vamos admitir ocupação de área de manancial, encosta e prédios sem condições de habitabilidade, segurança e insalubridade’. Uma política de não permitir que as pessoas se consolidem em um lugar assim. Não tem como estar em todos os lugares da cidade, mas tem que ter uma ação pronta de intervenção para impedir”, disse.

“Fico pensando no que eu podia ter feito naquele prédio. Eu devia ter feito alguma coisa”, lamentou em seguida.

A ocupação promovida no local foi realizada pelo Movimento de Luta Social por Moradia (MLSM). Embora não tenha falado diretamente sobre ele, a vereadora afirmou que considera “legítima” a ação desse tipo de organização. E, para ela, a “culpa” da tragédia não pode ser colocada apenas nas costas da prefeitura.

“O movimento é legítimo. A pessoa não tem onde morar e vai ocupar. Faz parte do jogo. Mas a prefeitura tem que seguir regras. Não pode pegar um prédio que não lhe pertence e colocar pessoas. (…). O prédio é da União. A prefeitura chegou a negociar com o governo para passá-lo para ela, mas só conseguiu um papel sem valor. Assim não teria como exigir nada. Nenhuma reintegração. Tudo que a prefeitura poderia fazer, e vinha fazendo com o cuidado necessário, era falar para as pessoas saírem (…). Em relação ao problema de moradia, fizemos coisas erradas por muito tempo. Os governos já fizeram muita merda por ação e omissão”, declarou.

Entre esses erros estaria a falta de cuidado na hora de realocar as famílias sem teto. Não adianta, segundo ela, o poder público achar que vai resolver o problema construindo casas em uma região distante do Centro da cidade, sem infra-estrutura e com difícil acesso. Além disso, defende que é necessário levar em conta os arranjos familiares ao organizar qualquer tipo de habitação.

“Agora é o caso de o Estado, o governo e a prefeitura tomarem suas medidas. Têm que continuar o que vinham fazendo, conhecendo os arranjos daquelas famílias. Anotando ‘olha aqui tem um casal, um idoso, crianças, cachorro’. Essa providência é fundamental para a população de rua ou qualquer um que quer uma moradia. Não basta conhecer o indivíduo (…). Assistência social só funciona em rede”, concluiu.

Todos os vídeos da entrevista estão no canal do Pânico no YouTube

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.