“Ele tinha essa mania de receber quem pedia”, diz Jô Soares, sobre BB King

  • Por Jovem Pan
  • 15/05/2015 18h21
MON01 MONTREUX (SUIZA) 15/05/2015.- Fotografía de archivo tomada el 6 de julio de 2002 que muestra al músico B.B. King durante un concierto en el Festival de Jazz de Montreux en Suiza. El músico B.B. King, considerado "el rey del blues" y uno de los mejores guitarristas de todos los tiempos, falleció este jueves en Las Vegas (Nevada, EEUU) a la edad de 89 años, indicó hoy su abogado. EFE/Fabrice Coffrini Agência EFE B.B. King

BB King, o eterno rei do Blues, faleceu nesta sexta-feira (15), conforme informações de seu advogado durante a madrugada. Ainda em abril, o músico já havia dado um susto na família e em seus fãs , quando passou mal em um show, devido a uma desidratação por causa de sua diabetes tipo 2, doença da qual sofria há 20 anos.

Em seus 67 anos de carreira, BB King conviveu com diversas personalidades, famosas e anônimas, a quem marcou com seu carisma. Em entrevista à Jovem Pan, o apresentador Jô Soares, o dono do Bourbon Street Club Edgard Rabesca e o jornalista musical Zuza Homem de Melo revelaram parte da experiência que tiveram convivendo com o músico cada um à sua maneira. Quanto a Jô Soares, a maior impressão do guitarrista propulsor do Blues nos Estados Unidos e no mundo era a simpatia e empatia com seu público de todas as camadas sociais.

“A carreira dele carregou nas costas vários filmes, pois existem vários filmes que só existem por causa da trilha sonora de BB King, mas o que mais me impressionou no B King foi a maneira que ele recebia as pessoas no camarim depois do show. Pessoas que ele nem conhecia e que queriam apenas cumprimenta-lo, dar um abraço, tirar uma fotografia. E ele recebia todo mundo com uma gentileza e um paciência depois de um show onde ele se entregava por inteiro”, lembrou o apresentador.

Rabesca, por sua vez, dono do Bourbon Street Club, que era a casa de BB King quando o mito vinha ao Brasil, acrescentou ainda que ele não tinha qualquer tipo de filtro com seus visitantes: “como disse o Jô, no camarim, quando ele estava com uma pessoa, ele estava intensamente, se entregava às pessoas e adorava isso. Se deixassem entrar 100 pessoas, ele receberia 100 pessoas com carinho. E ele dizia ‘no people, no BB’ (sem pessoas, sem BB)”.

BB King, que veio várias vezes ao Brasil, a primeira delas na década de 1970, no segundo Festival de Jazz de São Paulo, seungo o jornalista Zuza Homem de Melo, conseguiu sempre deixar o público extasiado com sua música, assim como tocava com a mesma emoção. “Quando fomos convidá-los para o sefundo Festival de Jazz e fui busca-lo no aeroporto, me falaram que ‘ele já estava caduco e não ia dar socorro’. Mas o BB King foi a maior aparição e deixou a plateia do Anhembi alucinada. Mais para frete veio para o Bourbon Street com o Edgard e se tornou o patrono do Bourbon Street”.

Sobre a casa, Rabesca expressou que nunca poderia reclamar de absolutamente nada no cantor. “Ele era uma pessoa muito afável. Apesar de toda a fama e com o dinheiro que ele deve ter ganho, ele tinha humildade, simplicidade. E ele era uma pessoa que, depois do show, conversou por duas horas. Em uma turnê que nós organizamos, ele foi para Brasília, 12 horas de ônibus”, lembrou o empresário. “Ele cumprimentava o mais simples até o mais graduado. Ele gostava do publico, gostava das pessoas e, de fato, ele tocaria até a morte”, acrescentou Edgard.

No bate-papo, Jô Soares ainda explicou qual considera ser a importância de BB King para a música mundial, dada a originalidade do artista, que sobreviverá para sempre: “a originalidade do som dele e das pessoas que ele inspirou, como o Eric Clapton, que não é pouca coisa, ele tinha essa mania de receber quem pedia. Era uma coisa impressionante”. Clapton, por sua vez, compartilhou um vídeo em suas redes sociais no qual desabafava sobre a perda do amigo: “quero agradecer por todo o apoio que ele me deu como um músico com o passar dos anos, pela amizade que tivemos. Não tem muito o que dizer, porque a música dele vai ficar no passado, porque não existem muitos que podem tocar da forma pura como ele”, lamentou o músico. Os dois amigos, inclusive, lançaram um álbum para concretizar a parceria que já era nítida na amizade dos dois. Lançado em 2000, a faixa título do álbum era ‘Riding with the King’ e rendeu dois discos de platina ao álbum, além do primeiro lugar no ranking da Billboard.

Falando sobre o legado do músico para as próximas gerações do Blues, Zuza destacou que o ritmo é imortal e que, além disso, vai só acumulando influências de todos os gênios que passarem por ele. “BB King encerra um ciclo de pessoas vivas, porque o blues não morre. Ele vive de mãos em mãos. O blues do passado, de Jimmy Rogers, que, por sinal, era branco e do Texas, fazia blues que continua até hoje. O blues é 12 compassos que representa uma infinidade de composições baseadas nos mesmos compassos”.

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