As diferenças do Dia da Mulher no mundo: dar rosas na Inglaterra pode soar ofensivo

  • Por Jovem Pan
  • 08/03/2018 11h43
David Aguilar/EFE

Por conta do crescimento dos movimentos feministas, o Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, tem sido marcado nos últimos anos por uma série de discussões. Será que os homens devem dar parabéns às figuras femininas de suas vidas nessa data? É legal dar presentes para homenageá-las? Como agir para demonstrar respeito e não adotar nenhuma postura machista? Esse foi um dos temas debatidos na edição desta quinta-feira (8) do Morning Show.

Paulinha Carvalho, a representante do gênero na bancada, contou que aceitaria felicitações do colega Edgard Piccoli, por exemplo, já que o conhece bastante e sabe que ele é de fato preocupado com a situação das mulheres o tempo todo. Mas se outro homem que é diariamente preconceituoso mudasse sua postura em apenas um dia no ano para deixar o assédio de lado e “homenageá-la”, soaria como hipocrisia.

Outro que participou da conversa foi o correspondente Ulisses Neto. Direto da Inglaterra, ele relatou como está sendo o início de 8 de março por lá. De acordo com ele, a diferença salarial é a bandeira de maior destaque não somente no Reino Unido, mas em toda a Europa. E não é à toa: uma das principais centrais sindicais divulgou um levantamento mostrando que, por conta dessa diferença, elas têm que trabalhar 67 dias a mais que eles para chegar no mesmo salário. Mostrou ainda que elas ganham 18% a menos que os colegas que ocupam os mesmos cargos.

“O caso mais emblemático foi o da emissora BBC. Aqui, as grandes empresas são obrigadas pelo governo a divulgar uma lista com a diferença salarial. A BBC foi obrigada inclucive a divulgar todos os salários principais, ocasião em que descobriram uma diferença enorme. Na Espanha foram adainte. Elas criaram a primeira paralisação feminista do país. Até as prefeitas de Madrid e Barcelona, principais nomes da política espanhola, aderiram”, disse.

O correspondente contou também que nesta semana a Justiça da Bélgica fez a primeira condenação envolvendo sua nova Lei do Sexismo. Aconteceu com um motorista de caminhão que, ao ser parado por uma policial, afirmou que aquele não era “trabalho de mulher”. Ele terá que pagar 3 mil euros para não ser preso. A França é outra que segue rumos semelhantes. O parlamento de lá anda discutindo mudanças na legislação para incluir tópicos que defendam as mulheres do assédio nas ruas.

Questionado pelo apresentador, Neto fez uma rápida e clara comparação entre o Brasil e os países europeus. Alegando que as sociedades são muitos complexas e diferentes, ressaltou o quanto eles estão na nossa frente.

“Na Inglaterra não existe o assédio que existe no Brasil. Aqui ninguém vai assoviar para uma mulher na rua ou pegar pelo braço em uma ‘balada’. Aí no Brasil, em alguns lugares, seria considerado normal. Aqui o ponto que pega mais forte é realmente o da diferença salarial. Outra coisa discutida é a tradição de a mulher, ao se casar, apagar todo o seu sobrenome e adotar apenas o do marido. É uma demonstração da sociedade paternalista. Mas não existe isso de dar rosas ou dar ‘parabéns’. Se você fizer, vai soar bem ofensivo. Algumas ficam ofendidas até quando um homem oferece ajuda no metrô para carregar um carrinho de bebê, imagina oferecer rosas”.

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